O motor de oito cilindros em linha derivava do Type 59 de competição. A suspensão dianteira e traseira continuava a ser por eixo rígido. O motor era suave e o comportamento adequado para as performances, bastante elevadas para a época.

Em 1936 foi apresentado o 57C, com compressor Roots de baixa pressão, conferindo mais 20cv e uma flexibilidade extraordinária.

Em 1938 foram introduzidos os travões hidráulicos, tornando o 57C provavelmente o melhor Bugatti de estrada. A vocação deste modelo era precisamente o longo curso, as viagens sazonais que as famílias abastadas realizavam através da Europa, um hábito que teve o seu auge precisamente no período entre as duas guerras mundiais.

A produção terminou em 1939, por causa da Segunda Guerra Mundial e, como não foi verdadeiramente retomada depois da Guerra, o Type 57 foi também o último Bugatti a sair de Molsheim, a quinta na Alsácia onde Ettore Bugatti era “Le Patron”. Modelo semelhante ao Type 57, mas com potência aumentada pela aplicação de fábrica de um compressor, é produzido em 82 exemplares entre Outubro de 1936 e 1940. Como demonstração, Ettore Bugatti, que se gabava de produzir o automóvel de turismo mais rápido do mundo, atinge o recorde de velocidade de 195 km/h, num modelo Type 57C Galibier (quatro portas e quatro lugares), conduzido por Robert Benoist, a 27 de Maio de 1939.

O automóvel apresentado possui uma carroçaria especial, em alumínio, executada pela Casa Vanvooren a pedido do comprador Chaussivert, que desejou possuir um tipo Atalante alongado e dispondo de três lugares. É mais comprido 37 cm que o habitual, medindo entre pára-choques 5,37 metros, medida excepcional para um automóvel de grande turismo. O sucesso desta carroçaria levou Prandiéres, dono do estabelecimento Vanvooren, a realizar mais duas carroçarias alongadas, mas descapotáveis, uma das quais célebre por ter sido feita sob encomenda do governo francês como presente de casamento ao Xá da Pérsia, Reza Pahlavi, em Março de 1939. Este, com chassis #57 808, está hoje nos Estados Unidos, na colecção Ken Behring. O outro, chassis número 57 749, está também nos Estados Unidos, na posse de R. Morgan.

Em Fevereiro de 1940, Chaussivert vende o seu Bugatti ao conhecido desportista do Porto, Alfredo Marinho que, por sua vez o cede, em 1948, a Bento de Amorim. Finalmente, em Novembro de 1975, é adquirido por João de Lacerda, que o reconstrói totalmente, para figurar no Museu do Caramulo.

Tem um longo currículo de participações em provas, em Portugal e no estrangeiro, tendo já percorrido mais de 60.000 km pelas estradas da Europa, desde a Suécia a Inglaterra, Áustria e Itália. De destacar a conquista do primeiro Prémio de Elegância, em 1978, em Montreux e em Deauville, em Valkenburg, na Holanda, em 1980 e em Bagatelle, Paris, em 1993. Foi também seleccionado pelo Automóvel Clube de França para figurar entre os 50 automóveis representativos da indústria francesa, na inauguração oficial do Túnel da Mancha, a 7 de Maio de 1994.