No que diz respeito às peças europeias, é possível destacar as quinhentistas italianas, de Faenza e Castel Durante (ou Veneza), seiscentistas de Deruta, e já do século XVIII, peças francesas (Nevers) e espanholas (Alcora).

Os primeiros exibem requintadas decorações renascentistas, algumas das quais com base em fontes iconográficas gravadas. Já uma peça de Deruta exibe decorações de quimeras e grotescos, com origem no trabalho de Rafael, também chegadas à faiança através de gravuras.

Através de uma terrina de Alcora, um dos mais importantes centros produtores de cerâmica em Espanha nos séculos XVIII e XIX, para além da decoração de “trofeus”, é possível apreciar a maneira com nesta fábrica o estilo Rococó encontrou expressão em formas cerâmicas.
No que diz respeito à produção portuguesa, um importante núcleo de faianças seiscentistas permite ilustrar o modo como, partindo da influência da porcelana chinesa, as olarias de Lisboa lograram alcançar um produto original. Em pratos e bacias o referente chinês fica, em geral, confinado às abas e caldeiras, enquanto os motivos ocidentais ocupam os covos das peças. Uma bacia datada de 1649, embora apresente na caldeira um tipo de decoração invulgar, permite comprovar que, até ao virar do século, a faiança portuguesa de pintura a azul não apresentava o desenho contornado a manganês, como viria a ser característica da segunda metade de seiscentos.

Embora estivesse já activa a Fábrica de Massarelos no Porto (1763) é, com a fundação, em 1767, da Real Fábrica de Louça, ao Rato, em Lisboa, a principal unidade fabril do fomento industrial pombalino, que a cerâmica portuguesa deixa de ser produzida em olarias, para passar a um tipo de fabrico pré-industrial. Até ao final do século XVIII surgirão em Lisboa, mas também no Porto, Gaia, Viana do Castelo ou Estremoz, toda uma série de unidades fabris que laborarão em pleno até às “Invasões Francesas”, época a partir da qual boa parte entra em decadência.

A presente colecção integra um magnífico prato da Fábrica do Rato, do período do seu primeiro mestre Tomás Brunetto, e peças representativas da produção do Norte do país, como seja um canjirão Toby-Jug de Miragaia. Uma bilha de segredo, permite ilustrar o modo como formas da olaria tradicional foram adaptadas pela indústria de faiança.

A colecção de cerâmica antiga deste museu inclui, ainda, aplicados no claustro, exemplares de azulejos holandeses e hispano-mouriscos, de que é possível destacar um raro exemplar cronografado de 1575.