Adquirido em Outubro de 1969 pelo Museu do Caramulo, o famoso Chrysler Imperial blindado foi alvo de um restauro que teve em conta a importância histórica do modelo, mantendo intactos os vidros blindados originais, bem como os estofos. Actualmente com quase 30.000 km no odómetro, o Imperial de Salazar é conservado em perfeito estado de funcionamento, sendo exibido juntamente com outros exemplares utilizados pelo histórico político nacional.

Registado pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), a 22 de Novembro de 1937, o modelo blindado foi a resposta de segurança ao atentado à bomba sofrido meses antes pelo Presidente do Conselho de Ministros, o Prof. Oliveira Salazar. Baseado no Imperial de quarta geração, equipado com motor V8 Flathead, de 5,3 litros de capacidade, com 140cv de potência e caixa de três velocidades, o HE-10-32 adoptava uma carroçaria blindada, desenvolvida pelos técnicos da Chrysler, em colaboração com especialistas da Smart Safety Engineering Corporation de Detroit. O resultado eram 2650 kg de estrutura resistente, com uma velocidade máxima de apenas 130 km/h, pensada para transportar em conforto personalidades expostas a perigos.

Mantido nas instalações da PVDE até 1960, o enorme modelo americano foi transferido nesse ano para a prisão de Caxias, por falta de espaço nas garagens daquela polícia, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa. Começava assim a segunda vida do Chrysler. Planeada com o blindado em mente, a 4 de Dezembro de 1961 era concluída com êxito uma aparatosa fuga das instalações de Caxias por parte de oito presos políticos aí enclausurados. António Gervásio, Francisco Miguel, Elídeo Esteves, Domingos Abrantes, José Magro, Guilherme da Costa Carvalho, Tereso e Verdial utilizariam o Chrysler Imperial como uma espécie de aríete de luxo para derrubar os portões da prisão, destruindo, neste processo, parte da frente do automóvel e sofrendo as marcas das balas de metralhadora ligeira nos vidros laterais direitos, que ainda hoje são possíveis ver.