Durante a fase de desenvolvimento, o novo modelo de Citroën deparou-se com vários problemas. Os bancos, que haviam investido milhares de francos na Citroën, pressionaram a comercialização e o resultado foi catastrófico, culminando em centenas de pedidos de garantia.
Pouco tempo depois de ter sido decretada a falência da marca com o seu nome, André Citroën morreu, pobre. Estávamos a 5 de Julho de 1935. No entanto, o seu automóvel de sonho viria a ser produzido, e com bastante sucesso, depois da Michelin ter pago as dívidas da Citroën e de ter avançado com a produção do Traction Avant.
Poucos anos após a apresentação do Citroën 15-Six, João de Lacerda adquiriu um exemplar, que utilizou em viagens e participações em provas automobilísticas, uma das quais, o XXI Rally de Monte Carlo em 1951. Um ano depois, acompanhado por Jaime Azarujinha, participou novamente, com outro Citroën “Arrastadeira”. Com partida de sete cidades da Europa, coincidiu com fortes nevões, tendo sido uma das edições mais duras de sempre. Dos 328 automóveis presentes à partida, apenas 163 cruzariam a meta. Entre os 15 sem penalização, contava-se o de João de Lacerda. Repetiria a prova por mais duas ocasiões, em 1953 e 1954, com o mesmo Citroën, o que lhe proporcionou a conquista do Troféu ACP.
Depois de vários anos de intenso serviço, repartidos por utilizações quotidianas e por participações em diversas provas nacionais e internacionais, os dois Citroën 15-Six de João de Lacerda não puderam ser recuperados, dando lugar à compra de modelo semelhante em França, que seria recuperado em Portugal, com a ajuda de Jacques Touzet e de Antero Marques Paiva.
Como prémio para a magnífica recuperação, a famosa matrícula HF-16-83, utilizada com grande sucesso nas edições de 1952, 53 e 54 do Rally de Monte Carlo, seria recuperada pelas entidades oficiais e atribuída ao “novo” Citroën 15-Six, que ainda hoje figura no Museu do Caramulo.