As referências estéticas mais importantes são assim as da escultura europeia, dentro de uma cronologia que vai do século XII ao século XX. O grupo de peças do século XX tem sentido, para além disso, na análise geral da Colecção de Arte Contemporânea do Museu do Caramulo.
Neste universo, as sucessivas doações que caracterizam a história da Fundação Abel e João de Lacerda – Museu do Caramulo, criaram um corpus de obras esculpidas quer em bronze – no que diz respeito aos materiais de suporte de várias peças arqueológicas e de algumas obras contemporâneas -, quer em pedra (calcários e alabastros), quer ainda em madeira, em barro, ou em gesso.
O percurso expositivo que o Museu do Caramulo nos propõe é cronológico. Note-se que todas as peças que constituem a Colecção de Escultura são mostradas à fruição pública, não se conservando obras “em reserva”. Dúvidas de classificação estão apresentadas ao conhecimento. De acordo com este princípio, encontra-se exposto no claustro um curioso grupo de imagens executadas em calcário no século XX segundo os modelos mais comuns na produção portuguesa – e sobretudo coimbrã – do século XV. Nesta “recuperação”, traduz-se o gosto dos doadores do Museu do Caramulo pelas qualidades da escultura gótica quatrocentista portuguesa.
No museu, entre as esculturas medievais europeias, recebe-nos primeiro o fragmento românico de uma figura não identificada mas, pela sua quantidade e coerência, merece atenção particular o conjunto de imagens em madeira policromada dos séculos XIV das quais se salientam a Virgem e o São João Evangelista remanescentes de um Calvário, e o Cristo Crucificado. Juntam-se-lhes duas Virgens entronizadas com o Menino Jesus ao colo que seguem a tipologia corrente na escultura peninsular desde o século XIII.