A 26 de Janeiro de 1926 o Ford T, com o motor número 12 430 572, foi registado originalmente em Portugal, na cidade de Viseu, pela agência da firma António Lopes Ferreira Lda., uma das primeiras do país a comercializar modelos da marca da oval azul, e ainda hoje a funcionar na posse dos herdeiros, o que o torna no mais antigo representante da Ford em Portugal.

João de Lacerda encontrou-o quando, em Março de 1955, seguia a caminho de Espanha, abandonado na berma da estrada junto a uma pequena oficina.

Depois de indagar acerca do destino a dar ao velho Ford T, e do seu custo, João de Lacerda acabou por o comprar por dois mil Escudos, dando assim início à actual colecção do Museu do Caramulo.

Ainda em estado funcional, o Ford T de 1925 foi despachado para o Porto, a fim de ser revisto e reparado mecanicamente por uma prestigiada garagem Ford, propriedade da firma Manuel Alves de Freitas, Lda., gerida por Manuel Menéres.

Assim, graças à competência, dedicação e técnica dos Menéres, o Ford T de 1925 foi recuperado, passando a integrar o espólio do primeiro museu automóvel de Portugal, inaugurado em 1959.

Conhecido por ter originado diversas colecções importantes de automóveis clássicos por todo o mundo, o modelo T da Ford foi apresentado pela primeira vez ao mundo a 1 de Outubro de 1908, e manter-se-ia em produção, praticamente inalterado, durante 19 anos, até 31 de Maio de 1927, batendo um recorde de unidades vendidas, mais de 16 milhões.

Depois de ter ganho fama e popularidade através da sua simplicidade, fiabilidade e baixo preço, o modelo T foi progressivamente ficando para trás dos seus concorrentes, que apresentavam novas soluções tecnológicas a baixo custo.

O motor de quatro cilindros em linha, cambota em ferro com três rolamentos, e duas válvulas laterais por cilindro, tinha apenas 2898cc, desenvolvendo 20cv de potência, mas sempre muito fiável. O baixo peso do conjunto, com 750 kg, e a caixa de velocidades com duas relações para a frente e uma para trás, eram suficientes para permitirem uma velocidade máxima de 70 km/h, o bastante para uma época em que ainda não existiam estradas alcatroadas.