Enquanto esteve exilado, Franco comprou o Renault 20 HP que faz parte do acervo apresentado pelo Museu do Caramulo. A firma parisiense Laclaverie & Gaches foi encarregada da carroçaria estilo Limousine. Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, João Franco retornou a Portugal.

O automóvel foi conservado, num palacete da Rua Presidente de Arriaga, em Lisboa, pelos herdeiros de João Franco, tendo posteriormente sido oferecido a João de Lacerda, em 1956, pelo neto de João Franco, João Manuel Franco.

Mantendo o luxuoso interior na sua condição original, este Renault contabiliza apenas 44.000 km. A carroçaria foi totalmente recuperada, procedendo-se a uma reconstrução e pintura do exterior. Tem motor de quatro cilindros, divididos em dois blocos, com capacidade total de cinco litros. Desenvolvendo cerca de 20cv de potência e auxiliado pela sua caixa de quatro velocidades, o Renault é capaz de atingir a velocidade máxima de 90 km/h, embora pese duas toneladas.

O modelo faz parte de uma longa e bem-sucedida linhagem de automóveis produzidos pelos irmãos Louis, Marcel e Fernand Renault que, em 1900, já haviam vendido mais de 200 automóveis e, em 1903, cerca de 780. Este foi também o ano em que Marcel faleceu, quando participava na corrida de Paris a Madrid, ao volante de uma das suas criações.

O primeiro automóvel produzido em Billancourt pelos irmãos Renault foi o modelo 3HP, em 1901. Utilizando um motor De Dion refrigerado a água, o Renault 3HP inovava por ser um automóvel com motor dianteiro, transmitindo a potência às rodas traseiras através de um veio de cardan.

O 20HP surgiu em 1905, posicionado acima dos modelos 8HP e 12HP. Os Renault pré-1914 eram caracterizados pela sua robustez e fiabilidade.