Este processo permitia à marca italiana vender os seus modelos em território francês, sem pagar direitos aduaneiros.

A gama Simca-FIAT era à época composta por três modelos que replicavam os seus congéneres italianos, sendo o mais pequeno dos quais o Simca 5, uma viatura moderna que era basicamente um FIAT 500 Topolino, de baixo consumo (aproximadamente três litros aos 100), equipado com suspensão dianteira independente, transmissão de quatro velocidades, travões de tambor controlados hidraulicamente e sistema eléctrico de 12 volts.

O Simca “Cinq” iria conhecer um grande sucesso em França, pois custava apenas o equivalente a dez meses de vencimento de um operário qualificado, um valor relativamente acessível e que, pela primeira vez, democratizava o acesso ao automóvel no país de Victor Hugo.

Quando os Alemães invadiram a França em 1940, requisitaram muitos Simca 5 civis para serem usados pela Wehrmacht (Forças Armadas), Kriegsmarine (Marinha) e Luftwaffe (Força Aérea) como automóveis de estado-maior, para transporte de oficiais ou serviços de ligação. Ao mesmo tempo, determinaram que construtores franceses (ou com produção em território francês) como a Citroën, Peugeot, Renault e Ford recebessem um administrador militar alemão e passassem a produzir, em exclusivo, veículos militares para o esforço de guerra nazi, que na altura preparava a invasão da União Soviética.

Curiosamente, por ser uma fábrica de capitais italianos, ou seja, de um aliado da Alemanha, a Simca viu ser-lhe atribuído um dos directores da FIAT-Alemanha que, de modo extraordinário, manteve a produção de viaturas civis até 1943, na mesma fábrica de Nanterre que também passou a produzir peças para a NSU-Kettenkrad.

No entanto, uma parte dos Simca 5 produzidos neste período foram entregues ao exército alemão que os usou até à retirada de 1944. Por esta altura, muitos dos sobreviventes passaram a ser utilizados também pelas FFI (Forças Francesas do Interior), a resistência francesa que via neste automóvel a inequívoca vantagem de gastar muito pouco, numa altura em que a gasolina era extremamente racionada. Desse modo, o pequeno utilitário passou a ser uma viatura de guerra em ambos os lados das trincheiras, com os “Cinq” da resistência a serem vistosamente marcados com as letras FFI a branco, de modo a não serem confundidos com os modelos utilizados pelos alemães.

Após o final da guerra, a fábrica de Nanterre, poupada aos bombardeamentos, pôde retomar rapidamente a produção do “Cinq”, que alcançaria no total os 46.472 exemplares.