No final da década de 20, a Triumph tentou expandir a sua gama, oferecendo o modelo SuperSeven, um automóvel de produção em massa, económico e popular. Porém, a concorrência de marcas como a Morris, Austin, Singer e Standard demonstrou ser forte demais para a marca, parca em recursos. Em 1945, a Triumph perdia a sua independência, sendo incorporada na Standard Motor Company.
Dez anos depois, entrou em comercialização o novo modelo TR3, com um motor de 95cv e discos de travão da Girling no eixo dianteiro, tornando-se no primeiro automóvel inglês de produção em série a vir equipado desta forma, o que na altura constituiu um argumento de vendas.
O antiquado chassis separado em aço, de secção rectangular com reforços cruzados, não o impedia de ser um roadster bastante competente. Acusando menos de uma tonelada na balança e equipando suspensão independente nos dois eixos, o pequeno Triumph tirava todo o partido do seu potente motor de dois litros, que lhe permitia atingir uma velocidade máxima de 170 km/h, marca bastante respeitável para a época.
Em 1958 o TR3 sofreu uma modificação de estilo, passando a ter uma grelha dianteira a toda a dimensão da secção frontal do automóvel. Denominado TR3A, o modelo via a potência do motor ser aumentada para os 100cv, melhorando as suas prestações, mas, principalmente, tornando-o mais fácil de utilizar.
O Triumph TR3 revela agressividade e prontidão em vários pormenores, que o distingue dos demais concorrentes. Desde as pequenas portas recortadas, como que convidando o seu condutor a deixar de lado a formalidade de as abrir para entrar, até à sua frente com a enorme boca, ávida por engolir todo o ar disponível de forma a deixar respirar o potente motor preso debaixo do capot. Tudo parece gritar força. No interior, a mesma atenção ao detalhe, com os diversos mostradores espalhados pelo tablier, bem ao estilo inglês, o volante de grandes dimensões e os bancos pequenos e envolventes, tornam o pequeno Triumph um exemplar perfeito da sua década. Em 1962, os últimos TR3A eram expedidos, tendo no total sido vendidos 83.500 exemplares do roadster inglês, a maioria dos quais para o mercado dos Estados Unidos da América. Simplicidade, excelente comportamento dinâmico, mecânica robusta e carácter, marcaram definitivamente o TR3 como modelo, cuja aceitação foi tão grande que as suas vendas foram dez vezes superiores ao modelo que o antecedeu.
Este automóvel foi doado ao Museu do Caramulo por Inês Maria de Lurdes Soares da Rosa.