Aproveitando o encerramento do Museu do Caramulo para a requalificação dos espaços museográficos, foi feita uma selecção das obras de arte mais emblemáticas que se conservam naquele museu, trazendo-as à fruição do público lisboeta. Procura-se assim dar a conhecer a um maior número de pessoas estas preciosidades, desconhecidas para muitos.
Ao primeiro Picasso que se expôs em Portugal, juntam-se Amadeo de Souza-Cardoso, Maria Helena Vieira da Silva e Eduardo Viana, mas também belos exemplares de pintura antiga, destacando-se obras de autores como Grão Vasco, Isembrandt, Quentin Metsys e Frei Carlos. Acrescenta-se a esta selecção objectos de artes decorativas, como uma das tapeçarias da série conhecida como “à maneira de Portugal e da Índia”, raras peças de porcelana chinesa e obras de arte Namban. Este conjunto de peças é enriquecido pelas criações de jovens artistas recentemente incorporadas nas suas colecções. Incontornáveis, quando falamos de Museu do Caramulo, são os automóveis. A colecção, única em Portugal, será invocada por um exemplar, de pequenas dimensões, de um Bugatti, um dos mais belos clássicos da industrial automobilística mundial.
Nascido da ideia utópica de Abel de Lacerda (1921-1957), que em apenas quatro anos (1953-1957) reuniu uma inestimável colecção de arte, o Museu do Caramulo está instalado no centro da antiga estância de sanatórios da Serra do Caramulo (distrito de Viseu). Depois da sua morte, o projecto foi efetivamente concretizado pelo irmão, João de Lacerda (1923-2003), que o inaugurou em 1959. Ao gosto que Abel tinha pelas belas-artes, João de Lacerda juntou a sua paixão pelos automóveis “clássicos” e a excelente colecção de velocípedes que reuniu e que veio a expor em espaço próprio junto ao edifício do Museu.
Simultaneamente à inauguração da exposição e assinalando o ano em que faria cem anos, será estreado o documentário sobre Abel de Lacerda, o coleccionador e criador do Museu do Caramulo.