Henrique Lehrfeld agitou o pacato mundo automobilístico nacional em Abril de 1930 ao trazer para Lisboa um Bugatti Grand Prix semelhante àqueles que dominavam a generalidades das competições europeias daquela época. Era um Type 35C, equipado com um motor de 8 cilindros em linha, 2.0 litros de capacidade, com compressor, que tinha sido comprado por Lehrfeld a Guy Bouriat, um personagem fabuloso que viveu como poucos a aventura da marca francesa pois para além de técnico pertencente ao quadro da equipa Bugatti de competição, era um comercial nato e um piloto com algum talento.

Em Paris, Lehrfeld frequentava o mundo da competição automóvel e provavelmente através de Bouriat, que o identificou logo como um potencial cliente, cultivou relações com alguns dos principais pilotos franceses da época e até com o próprio Ettore Bugatti, com quem desenvolveu alguma proximidade. Poucas semanas depois da chegada do 35C, Lehrfeld importaria um Bugatti 35B, o único que veio para Portugal – e que ainda hoje por cá se conserva nas mãos seguras do Museu do Caramulo.

É desses dois automóveis – com natural incidência no segundo – bem como da personalidade de Henrique Lehrfeld, que trata este livro.