A C. Santos VP renovou o apadrinhamento de três Mercedes-Benz da colecção do Museu do Caramulo, marca que o concessionário representa há décadas em Portugal.
Lançado em 2012, o Programa de Apadrinhamento do Museu do Caramulo visa criar uma associação mais directa entre as empresas ou particulares com os veículos da colecção permanente do museu, resultando em apoios orientados para a sua conservação e manutenção durante o período de um ano.
Sobre o Benz 20HP Grand Landaulet (1910)
Em 1910, o Dr. António de Matos Cid adquiriu, à firma José da Silva Monteiro, agente Benz em Portugal e sedeada no Porto, um chassis 8/20HP. Era um automóvel robusto, muito bem construído e com alguns pormenores bastante avançados, como a caixa de quatro velocidades.
Quanto ao significado da sua designação, o “8” indicava a potência fiscal, o “20” a potência efectiva. Podendo optar por vários tipos de carroçarias, algumas abertas, outras fechadas, Matos Cid optou pela mais requintada, volumosa e dispendiosa.
A Grand Landaulet tinha sido pensada para ser utilizada com motorista ou chauffeur, que viajava mais exposto aos elementos, enquanto os proprietários beneficiavam do conforto acrescido de uma cabine luxuosa. Este tipo de carroçaria pesava cerca de 200 kg a mais do que, por exemplo, a De-Course, aberta e simplificada, obrigando a um maior esforço do motor de quatro cilindros divididos em dois blocos, como era corrente na época. Os 20cv seriam, todavia, suficientes para puxarem o Benz até aos 65 km/h, embora a essa velocidade não se pudesse garantir a eficiência dos ténues travões, que actuavam apenas nas rodas traseiras. As lanternas de acetileno e a buzina foram os únicos opcionais deste Benz, que levou uma existência relativamente pacífica até à sua obsolescência.
Em Março de 1958, João de Lacerda encontrou o Benz numa garagem senhorial de Aguiar da Beira, convencendo o seu proprietário, José Maria Sobral Cid – neto de António de Matos Cid – a cedê-lo ao Museu do Caramulo, para que fosse restaurado. Os trabalhos demoraram três anos. O compartimento fechado estava em perfeito estado, não necessitando de qualquer intervenção. Desde este merecido lifting, o Benz percorreu mais de 3000 km, alguns deles em provas como o Raid Figueira da Foz-Lisboa, que cumpriu numa média superior a 45 km/h.
Sobre o Mercedes-Benz 380K (1934)
Aproveitando o Salão de Berlim de 1933, um dos mais importantes certames da época, a Mercedes-Benz apresentou ao mundo o modelo W22, mais conhecido por MB 380, a aposta para ocupar o topo da hierarquia do catálogo.
Ao contrário do que sucedia nos modelos anteriores da classe S, a letra K significava compressor e não curto. Entre 1933 e 1934 foram produzidas apenas 157 unidades do modelo 380K, a maioria Cabriolet tipo A, B e C. Sucedeu-lhe o 500K (W24), dos quais foram produzidas 342 unidades e, finalmente, o 540K (W29), num total de 419 unidades.
Equipado com um inovador motor de oito cilindros em linha, de 3,8 litros de cilindrada, com uma árvore de cames lateral e válvulas à cabeça, o novo topo de gama alemão distinguia-se ,mecanicamente, pelo uso de suspensão independente, com braços em forma de “A” na frente e, atrás, braços oscilantes, molas helicoidais nas quatro rodas e ainda travões hidráulicos. A transmissão, presa ao chassis através de um subchassis em aço, era ligada às rodas traseiras por meio de uma caixa de quatro velocidades totalmente sincronizadas. Todas estas características conferiam ao W22 um comportamento bastante elogiado.
Depois de mais de 20 anos a produzir motores de seis cilindros, a Mercedes-Benz aventurou-se na produção de um oito cilindros em linha, alargando substancialmente a sua oferta e criando, dessa forma, uma sólida base de trabalho, que lhe permitiria vir a equipar uma berlina do calibre do MB 540K ou um monolugar tão dominador quanto o W25 de Grande Prémio. A gama 380 estava disponível com quatro versões diferentes do bloco de oito cilindros: três equipadas com um compressor tipo Roots e uma normalmente aspirada. As potências variavam entre os 90cv, para a versão simples, e os 120 a 144cv, para as versões K. À saída da fábrica de Sindelfingen, o Mercedes-Benz 380 estava disponível com as carroçarias Convertible, Sedan, Tourer e Sports Tourer.
Do automóvel apresentado no Museu do Caramulo, o 380K, tipo C, com duas portas, quatro lugares e com apenas dois vidros laterais, foram produzidas 44 unidades. Duas delas chegaram em 1934 a Portugal, tendo uma delas sido adquirida pelo médico Guilherme Pereira Caldas, que nesse ano ganhou o 1º Prémio de Elegância do Estoril.
A ficha desta viatura, conservada ainda pela fábrica de Estugarda, ilustra a encomenda do veículo feita pelo agente da marca em Lisboa, Sociedade Comercial Mattos Tavares, Lda., a 30 de Janeiro de 1934, tendo sido embarcado para Lisboa em 24 de Março do ano seguinte. Comprado por João de Lacerda, em 12 de Março de 1956, foi totalmente reconstruído na oficina particular de Harry Rugeroni, na Rua Tomás Ribeiro, em Lisboa, conservando o estofo de couro de origem, por estar ainda em óptimo estado. Apenas seis automóveis deste tipo se conhecem na posse de coleccionadores.
Sobre o Mercedes-Benz 300 “Adenauer” (1952)
Deve-se a sua alcunha ao facto de ser o automóvel oficial do chanceler alemão Konrad Adenauer, o W186, apresentado pela marca de Stuttgard no Frankfurt Auto Show de 1951, depressa restabeleceu a Mercedes-Benz como marca de prestígio.
Equipado com um motor de seis cilindros, alimentado por dois carburadores Solex, com uma capacidade de 2996cc e desenvolvendo 125cv, o Mercedes-Benz 300 “Adenauer” (W186) é capaz de atingir 160 km/h de velocidade máxima, uma marca impressionante para um automóvel dos anos 50, tanto mais se considerarmos o seu peso de 1810 kg. Uma das particularidades do modelo em exposição no Museu do Caramulo é o facto de este dispor de uma suspensão traseira regulável electricamente, e vidro de separação entre o motorista e os passageiros.
Construído sobre um chassis tubular, de secção oval, com reforços cruzados, de acordo com o que era feito nos modelos 170S e 220, e equipado com suspensão independente e travões de tambor nas quatro rodas, o Mercedes-Benz 300 fazia-se valer do seu motor de seis cilindros e três litros – o mesmo que equipava os 300 SL com sistema de injecção de combustível – para oferecer um nível de requinte e performance difícil de ser batido.
Construído por uma equipa de artesãos especializados da marca alemã, o W186 era entregue aos seus clientes totalmente equipado com materiais da melhor qualidade, sendo dos poucos automóveis da altura a conseguir transportar seis ocupantes em total conforto, mantendo médias elevadas de velocidade. De resto, a sua superior qualidade fez de políticos, homens de negócios e da alta finança, a maior parte dos seus clientes.
O Mercedes-Benz 300 “Adenauer”, actualmente em exposição no Museu do Caramulo, foi doado em Março de 1972 por Manuel Guilherme Bastos Mendes, filho do seu primeiro proprietário, Emídio Mendes, que o trouxe para Portugal em Julho de 1952, sendo este exemplar o primeiro deste modelo no nosso país.
Sobre o C. Santos VP
A C. Santos VP é concessionário oficial das marcas Mercedes-Benz e smart em Portugal, comercializando veículos nas 13 instalações distribuídas pelo território nacional, incluindo Lisboa, Margem Sul, Porto e Ilha da Madeira, com a maior rede de oficinas da Mercedes-Benz no país. No conjunto de concessionários das marcas, ganha lugar de destaque na região de Lisboa e Margem Sul.