Depois de um restauro completo, o Messerschmitt KR200 “Messi” de 1958, pertencente à colecção do Museu do Caramulo, será apresentado ao público pela primeira vez no Salão Motorclássico

O Museu do Caramulo confirmou que irá apresentar ao público o Messerschmitt KR200 de 1958, cujo restauro foi agora terminado nas Oficinas do Caramulo, e apenas possível graças à campanha de crowdfunding “Salvem o Messi”, no Salão Motorclássico (FIL – Feira Internacional de Lisboa, de 21 a 23 de Abril).

Lançada em Agosto de 2015, a primeira acção de crowdfunding do Museu do Caramulo permitiu angariar os fundos necessários para o restauro completo deste mítico microcarro de origem alemã. O objectivo da campanha era angariar os €5.000 para o restauro deste clássico pertencente à colecção do Museu do Caramulo, mas que, pelo seu estado, nunca chegou a estar exposto. A acção excedeu largamente as expectativas. Em apenas 2 meses, a campanha, que atingiu 112% de execução, angariou €5.601 com o contributo de 130 apoiantes.

Os trabalhos de restauro do automóvel tiveram início em Janeiro de 2016 e continuaram até agora. Incluíram a colocação de um vidro de cabine novo, a reparação de chaparia, pintura e estofos novos, a reparação mecânica do motor e da caixa de velocidades, a reparação dos componentes eléctricos, a reparação e substituição de borrachas e cromados, colocar farolins novos, entre outras intervenções.

 

Para Tiago Patrício Gouveia, Director do Museu do Caramulo “A conclusão do restauro deste automóvel, a tempo de o mostrarmos em todo o seu esplendor, pela primeira vez, no Salão Motorclássico, enche-nos de satisfação e alegria. Tudo começou com a campanha de crowdfunding que viabilizou, graças ao apoio de 130 pessoas e entidades, a recuperação deste clássico. Agora podemos retribuir, partilhando este automóvel único com todos aqueles que apoiaram directamente o seu ‘renascimento’, e com o público em geral. Depois do Salão Motorclássico, o Messerschmitt regressará ao Caramulo para integrar a exposição permanente do museu e subir a rampa em Setembro, durante o Caramulo Motorfestival.”

De novo em forma após um minucioso restauro nas Oficinas do Caramulo, o “Messi”, que estará em exposição no stand do Museu do Caramulo, será uma das grandes atracções do Salão Motorclássico, o maior evento português relacionado com a temática dos Clássicos e da História Automóvel.

O programa da 13ª edição do Motorclássico inclui ainda uma exposição temática consagrada à Ferrari, no septuagésimo aniversário da marca, os habituais passeios de clássicos, um emocionante leilão de automobilia, e a secção Art Village, que reúne obras de arte à volta do mundo dos clássicos.

O Salão Motorclássico é organizado pelo Museu do Caramulo em parceria com a AIP – Feiras Congressos e Eventos.

Para obter mais informações sobre o Salão Motorclássico aceda ao site oficial do evento em www.motorclassico.com.

Sobre o Messerschmitt KR200 (1958)

A Messerschmitt AG, fabricante de aviões alemães, estava proibida, desde a Segunda Guerra Mundial, de prosseguir com a actividade de construção de aviões, tal como todos os outros fabricantes alemães.

Apesar de a empresa ter voltado a sua atenção para outros empreendimentos, foi a produção de microcarros que permitiu manter a fábrica em laboração.

O primeiro veículo construído pela Messerschmitt teve por base a parceria com Fritz Fend. Em 1952, Fritz Fend apresentou à Messerschmitt a ideia de construir pequenos veículos a motor, com três rodas, inspirados na motocicleta que havia sido construída para pessoas que, devido à guerra, tivessem ficado com limitações de mobilidade.

Em 1953, Fritz Fend desenvolveu, em conjunto com Willy Messerschmitt, uma espécie de motocicleta que se assemelhava a um avião: uma forma alongada, dois lugares longitudinais e uma carlinga em plexiglas que se abria para o lado para entrar e sair. Estava criado o KR175, em que KR significa kabinenroller ou “scooter fechada” e 175 significava a cilindrada do motor. Este primeiro Messerschmitt era movido por um motor monocilíndrico Sachs a dois tempos colocado à frente da única roda traseira e era accionado por comandos no guiador, tal como uma Scooter, o mesmo sucedendo para o arranque que se fazia com um pedal.

Medindo 2.820 mm de comprimento e 1.220 mm de largura, saltavam à vista as abas que cobrem as rodas dianteiras que lhe conferiam um ar imponente. A carroçaria estreita e uma área frontal baixa foram alcançadas com a disposição dos assentos em linha, o que permitiu à carroçaria afunilar-se como uma fuselagem de avião, obtendo uma excelente aerodinâmica dentro do comprimento de um microcarro.

A entrada dos passageiros para uma espécie de carlinga faz-se através da canópia que estava articulada do lado direito do veículo. A porta incluía todas as janelas, pára-brisas, caixilhos das janelas e tecto acrílico, e a parte da carroçaria onde as peças transparentes estavam montadas.

O início do fabrico do KR175 debateu-se com vários problemas, dos quais resultaram 70 modificações no seu desenho entre Fevereiro e Junho de 1953. A produção manteve-se até 1961.

O KR200 substituiu o Messerschmitt KR175 e criou um redesenho total, embora mantendo o conceito original. Com um motor de 191 c.c. e mais um CV de potência, o peso do conjunto subiu 23 kg, o que não foi impedimento para o aumento da velocidade máxima em 10 km/h. O KR200 existiu ainda nas versões cabrio, sport e roadster.

No total, foram produzidas 30.286 unidades da versão KR200.